Por: Belisa Rabelo
Belisa Rabelo Dourado de Andrade - Educadora comprometida, com uma
trajetória acadêmica e profissional que reflete sua dedicação à educação.
Professora apaixonada, vem trilhando caminhos na gestão escolar e,
atualmente, atua como coordenadora pedagógica geral da Rede Clarissas
Franciscanas. É voluntária do Instituto ELA desde 2024.
Março chega e, com ele, uma data que nos convida à reflexão: o Dia Internacional da Mulher. Com raízes na luta histórica das mulheres por direitos trabalhistas, políticos e sociais, o 8 de março foi oficializado pela ONU em 1975, mas sua origem remonta a diversas manifestações e mobilizações femininas no final do século XIX e início do século XX, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.
Jornadas de trabalho exaustivas, condições precárias, direito ao voto, melhores salários, respeito e dignidade eram algumas das principais reivindicações. Décadas se passaram, mas a causa central das lutas das mulheres operárias ainda não foi plenamente atendida: a igualdade de gênero. Avançamos muito, mas, no contexto da sociedade brasileira, ainda há um longo caminho a percorrer.
Dados do IBGE (2019) apontam que as mulheres dedicam o dobro do tempo às tarefas domésticas em comparação com os homens. Apesar de possuírem maior nível de escolaridade e representarem a maioria dos concluintes do ensino superior, ocupam menos de 40% dos cargos gerenciais e recebem, em média, salários inferiores aos dos homens. Esses são apenas alguns dos inúmeros indicadores que escancaram a desigualdade social entre homens e mulheres em nosso país.
O dia 8 de março nos convida a reconhecer o que já foi conquistado, sem perder de vista o ponto de partida: a luta por uma sociedade mais justa e equitativa para todas. Este ano, temos um motivo especial para celebrar avanços concretos. O Brasil agora conta com a Semana Nacional de Valorização das Mulheres que Fizeram História, instituída recentemente pela Lei Federal 14.986/2024, que incentiva o resgate e a homenagem às trajetórias femininas que abriram caminhos para tantas outras nas escolas de todo o país. Essa iniciativa reforça a importância de olharmos para o passado com gratidão e para o futuro com esperança, ao mesmo tempo em que inspira e estimula as novas gerações. Além disso, proporciona oportunidades para problematizar e refletir criticamente sobre o tema, contribuindo para a promoção de mudanças reais em nossa sociedade.
Quando falamos em mulheres que fizeram história, lembramos das 146 operárias estadunidenses que perderam a vida no incêndio ocorrido em uma indústria têxtil em 1911, um episódio que expôs ao mundo as condições degradantes a que eram submetidas; das 15 mil russas que marcharam em 1917 contra as jornadas de trabalho desumanas; das brasileiras que lutaram e conquistaram o direito ao voto em 1932.
Nossa história também é feita por mulheres anônimas, que marcaram suas gerações para que hoje possamos dar luz às conquistas e seguir lutando com coragem e determinação pelo que ainda nos falta. A elas, nossa mais profunda reverência, pois são a base da ancestralidade que nos sustenta.
Hoje, nossa luta é pelo direito de sermos quem quisermos, de nos autorrepresentarmos com dignidade e emancipação. Queremos subverter padrões, romper estereótipos e abolir preconceitos. Queremos ocupar todos os espaços, livres de discriminação, medo, abuso ou violência.
Milhares de mulheres abriram os caminhos que hoje estamos pavimentando. No Instituto ELA, acreditamos na força da coletividade para criar oportunidades reais e permitir que cada mulher floresça em seu pleno potencial. Sabemos que o caminho é longo, mas também temos certeza de que cada passo conta.
Que este Dia Internacional da Mulher seja uma memória do que já conquistamos e um lembrete do muito que ainda podemos conquistar. Que possamos olhar umas para as outras com sororidade, apoio e a certeza de que nenhuma de nós caminha sozinha. Que nos inspiremos naquelas que vieram antes e sejamos inspiração para as que virão depois.
Feliz Dia Internacional da Mulher! Que a luta continue, que os sonhos se realizem e que possamos ser agentes de transformação - todos os dias, um passo de cada vez.
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