Uma história paraolímpica
Por: Julia Rosa
A história de Mônica Santos é uma ode à força feminina, um cântico silencioso de coragem e amor. Amante dos esportes, a jovem que trabalhava na indústria calçadista e praticava futebol 2 (duas) vezes por semana já conhecia os limites do seu corpo e os desafios do esporte. No entanto, ao se tornar mãe, descobriu um poder que vai além do físico, um amor incondicional que redefiniu sua vida.
Com apenas 19 anos Monica se viu grávida e, durante a gestação, descobriu angioma medular, que pressionaria sua medula e impediria os movimento da cintura para baixo.
Assim, a gaúcha precisou decidir se iria seguir a orientação dos médicos, interrompendo a gestação e realizaria uma cirurgia para continuar andando, ou seguiria com a gravidez e ficaria com a condição de paraplegia.
Ela não optou apenas pela vida da filha que gestava, mas também pela sua própria jornada, mesmo que isso significasse transformar sua própria trajetória. Essa decisão revela o poder da mulher e da maternidade, uma força que transforma medo em coragem e dor em esperança.
Doença rara, para uma mulher mais rara ainda. Após o nascimento da sua filha Paola, Mônica enfrentou uma cirurgia que poderia ter ceifado sua vida ou lhe colocado na condição de tetraplégica.
“Foi a parte mais difícil: entregar a minha filha para a minha mãe e para o meu marido, sabendo que eu não voltaria a pegar ela mais nos braços”.
Após 12h (doze) na mesa de cirurgia ela estava vida e nas mesmas condições de quando entrou no centro cirúrgico. Nessa situação, Mônica foi só felicidade.
“Eu disse para o doutor 'eu só quero uma cadeira de rodas para poder viver a minha vida e poder cuidar da minha filha”.
Sem esquecer do amor ao esporte, Mônica foi primeiro para o basquete adaptado para cadeira de rodas, treinando somente com homens pois não tinham mulheres praticando a mesma modalidade.
Incentiva a experimentar a esgrima e treinar com outras mulheres, Mônica se encontrou. Após 20 dias de treino a gaúcha conquistou medalha de bronze na Copa Brasil.
Assim, a esgrima paraolímpica se tornou um novo capítulo na vida de Mônica. Com determinação, ela encontrou na espada uma extensão de sua força e um meio de resiliência. A cada duelo, não só desafia seus limites, mas também se torna um símbolo de esperança para muitos. Sua jornada inspira outros a ver além das limitações e a acreditar na possibilidade do renascimento.
Mônica não é apenas uma atleta; ela é uma mãe que ecoa na comunidade paraolímpica, servindo como motivação e apoio. O amor que nutre por filha transcende a barreira do corpo, da profissão, da sociedade, da feminilidade e até da maternidade.
Reconhecida por suas conquistas, cada medalha que ganha não é somente uma vitória pessoal, mas uma celebração do poder feminino.
A história de Mônica é um testemunho de que o amor materno e a determinação de uma mulher é uma força indomável, capaz de iluminar os caminhos mais sombrios que a vida pode nos apresentar.
Essa narrativa verídica não se trata apenas de superação; é sobre renascimento, é sobre como a maternidade pode ser um ato revolucionário, um hino ao poder feminino, que ultrapassa o corpo e reverbera na alma.
Sua escolha foi um poema de amor silencioso, uma prova de que o amor materno, muitas vezes, não conhece fronteiras nem barreiras. Ele se estende, assim como os braços de uma mãe, para abraçar o impossível e transformá-lo em realidade.
Referências:
Monica Santos precisa de apoio para continuar projetando Santo Antônio no mundo. Folha Patrulhense, 14 de janeiro de 2016. Página 13.
Única mulher na esgrima, Mônica superou doença dura HYPERLINK "http://www.gazetaesportiva.com/esgrima/unica-mulher-na-esgrima-monica-santos-superou-doenca-durante-gravidez/"nte gravidez. Gazeta Esportiva
Prêmio Donna: a esgrimista Mônica Santos transformou sua vida após se tornar cadeirante. Donna, 1 de abril de 2016.
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