Por: Adriana Aguiar
A batalha feminina por equidade é antiga e sinaliza ainda ser uma longa jornada. Antigamente, os papéis eram preestabelecidos dentro das famílias, a sociedade impulsionava nossos pais e seus ancestrais a prepararem as meninas, logo nos primeiros anos de vida, a serem cuidadoras do lar: casar-se para cuidar do marido, dos filhos e da casa. Com o passar dos anos e surgimento de novas gerações, as mulheres foram mudando os hábitos que lhes eram impostos pela sociedade, família e pelo próprio marido. Devido a estas mudanças ao longo do tempo, a cada ano as mulheres vêm se reposicionando, têm sido mais independentes, conciliando jornadas duplas com diversas responsabilidades e mais conquistas são feitas, destacando-se principalmente no mercado de trabalho ganhando seu espaço e obtendo sua individualidade. Esta jornada de transformação feminina também teve um impacto relevante no empreendedorismo.
Para encorajar mais as mulheres a se destacarem nos negócios, faremos uma breve explicação sobre empreendedorismo, empreendedor (a) e posicionamento do empreendedorismo feminino no Brasil.
O autor Dornelas (2021) define o empreendedorismo como a junção de pessoas e processos que, conjuntamente, transformam ideias em oportunidades. O empreendedorismo, com o passar dos anos, deixou de ter uma relação especificamente ligado a criação de uma empresa e ganhou novas formas: (i) intraempreendedorismo, também chamado do empreendedorismo corporativo. Almeida e Aleixo (2020) comentam que intraempreendedorismo relaciona-se a pessoas que não pretendem ter seu próprio negócio, mas que se dedicam a empreender nas empresas que trabalham apresentando ideias diferentes e colocando em prática ações empreendedoras desenvolvidas pelos próprios colaboradores; (ii) empreendedorismo social, que não tem o objetivo principal a lucratividade e/ou retorno econômico e financeiro para o investidor, mas sim um trabalho para combater a pobreza, redução da desigualdade social e outros problemas que afetam a sociedade. Segundo o Sebrae (2017), o conceito de empreendedorismo social é direcionado à promoção de um conjunto de ações que podem mudar a realidade de um determinado ambiente por meio do estabelecimento de medidas e estratégias sustentáveis que proporcionam um impacto social positivo e o resgate de pessoas em algum tipo de necessidade ou vulnerabilidade social; (iii) empreendedorismo virtual (ou digital) para Almeida e Aleixo (2020) são ações empreendedoras para a criação e desenvolvimento de empresas ou novos negócios que possuem suas atividades parcial ou integralmente em plataformas de internet, principalmente a atividades relacionadas a marketing ou vendas (e-business ou e-commerce).
O empreendedor (a) é quem assume o risco de iniciar uma organização, é o ser que imagina, reconhece e desenvolve as oportunidades no mercado para então, gerar e entregar a proposta de valor para um determinado público.
No Brasil, estudos mostram que as mulheres foram responsáveis por 51,5% dos novos negócios criados em 2016, conforme dados do consórcio internacional GEM (Global Entrepreneurship Monitor 2017). A partir de dados divulgados pelo IBGE, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) fez um levantamento em 2017 e comprova que, além de inovadoras, as mulheres também têm se revelado como boas gestoras. A pesquisa mostrou que neste período de crise, empresas administradas por mulheres obtiveram resultados melhores que as organizações administradas por homens. No mesmo ano, segundo pesquisa realizada pelo Serasa Experian (2017), existiam cerca de 8 milhões de empreendedoras no Brasil. A maioria destas empreendedoras brasileiras estão localizadas na região Sudeste e Sul, sendo 53,2% no Sudeste e 19,5% no Sul do país e como ponto interessante, 68% das mulheres empreendedoras trabalham em casa.
Hoje a perspectiva mundial está voltada para os conhecimentos, habilidades e atitudes que levam mulheres a gerir os mais diferentes negócios com propósitos bem definidos, paixão, inovação, excelência e, capacidade de influenciar tendências em negócios. Há um movimento muito forte, como um círculo virtuoso que se retroalimenta, incentivando outras mulheres a empreenderem. Analisando a pesquisa do IRME (2021), a revista Época, destacou alguns dados que reforçam os motivos e a importância desse círculo virtuoso no meio de negócios femininos:
– 79% das empreendedoras acreditam que os cuidados com a casa e a família atrapalham mais as mulheres do que os homens que buscam empreender.
– 50% das empreendedoras com filhos alegaram que o fechamento das escolas impactou a rotina de trabalho;
– 34% das empreendedoras ouvidas já sofreram algum tipo de agressão em suas relações afetivas;
O empreendedorismo feminino é uma realidade crescente, porém há muito mercado a ser explorado e conquistado. Entretanto, ainda há desafios que devemos encarar, como: o preconceito e autoconfiança. Nós mulheres temos muitas características que são vistas como fatores positivos no mundo corporativo, como: agilidade, versatilidade, sensibilidade, resiliência, poder de negociação e capacidade de atuar de forma polivalente. Mas ainda precisamos sentir que somos capazes de gerir o próprio negócio e não sermos intimidadas pelo ambiente machista, para que então possamos ser, verdadeiramente, mulheres de negócios.
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