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Educação, escola e docência Novos tempos, novas atitudes.

Por: MaryNazarenedosSantosWermelinger


Resenha de CORTELLA, Mário Sérgio. Educação, escola e docência: novos tempos, novas atitudes. São Paulo: Cortez, 2014. 126 p. “A prática de pensar a prática é a únicamaneira de pensarcerto. ” Paulo Freire O livro Educação, escola e docência: novos tempos, novas atitudes, de Mário Sérgio Cortella, organizado em 13 capítulos, é uma obra que traz para o diálogo, não só entre autor e leitor,mas, entre todos que integrama comunidade escolar,diversos paradigmas, que precisamdeixar de estar “ao lado”, ser modelo,segundo a epistemologia trazida pelo autor,e estar no centro de nossas relaçõese reflexões na busca de diferentes perspectivas para encararmos as práticas pedagógicas e os desafios a que somos confrontados na atualidade. Diante do acelerar das mudanças e emergências que assolam a educação, percebemos que o caso é grave! Trata-se de uma certa complicação no que diz respeito à velocidade que modifica coisas, pensamentos e ações. Mas, segundo Cortella, “...momentos graves são também momentosgrávidos! Afinal de contas, toda situação grave contém uma gravidez, ou seja, a possibilidade de dar à luz uma nova situação. ” (CORTELLA, 2014, p.11). Assim, o autor nos sinaliza os aspectos que merecem nossa atenção e as recomendações necessárias para o resgate dos valores da educação e da escola. O primeiropasso é ver com novos olhos, ver por detráse ver lá longe, para que possamosadentrar nas reflexões de forma significativa. Assim, entenderemos que o mundo não é mais o mesmo, os alunos não são os mesmos e, nós professores, não podemos fazer como sempre fizemos, “Porque o passado é referência, não direção. ” (IDEM, p. 10) e aeducação lida com o futuro. Mas pensar no futuro não é simplesmente descartar tudo o que já foi construído, mas compreender a diferença entre o tradicional, como aquilo que precisa ser preservado, e o arcaico, como aquilo que deve ser superado; sendo também destacado na obra o cuidado entre novo e novidade, e que o atual desgaste na busca pelo novo, podem ser armadilhas das novidades, que são rasas e que pouco sustentamas demandas. Cabe salientar, como


fez o autor,a importância do equilíbrio entre cautela e ímpeto, para não corrermoso risco de nos colocarmos nos extremos de uma cautela paralisante e um ímpeto inconsequente. Ainda nessa perspectiva Cortella convida dois grandes nomes para o diálogo, primeiro FernandaPessoa, que com a frase “Na vésperade não partir nunca,ao menos não há que se fazer as malas. ”, revela a postura dos que se acomodam, mas que o autor usa para ilustrar a importância dos processos para as questõesda educação “Na área da Educação, nós mudamos com processos – processos de vida, processos humanos, processos de conhecimento. Os processos são sempre mudanças,aliás, essa á a naturezaprocessual de qualquer coisa. ” (IDEM, p. 14). Logo em seguida chega Paulo Freira complementando que toda cautela requer paciência histórica, pedagógica e afetiva. E quanto a nós, docentes? Nessa temática, Cortella sobressalta o risco que a arrogância causa ao acharmos que as coisas são simples e o pessimismo como um refúgio de quem não quer ter trabalho. Principalmente quando estamos no século XXI, tendo nascido no século XX e usando métodos pedagógicos do século XIX. É preciso reconhecer que oavanço tecnológico fez com que a escola deixasse de ser a única ou principal fonte de conhecimento formal. Porém, isso também não nos torna desnecessários, pois, acesso à informação é diferente de construir conhecimento. Sobre o desafio de mudar, o autor inaugura a abordagem trazendo Kant “Avalia-se a inteligência de um indivíduopela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar. ”, e assim, começa a nortear os passos dessa trajetória que requer esperança e ânimo. Além de uma dose extra de humildade pedagógica, por ser uma qualidade essencial para quem quer educar, se colocando antes de tudo no lugar de aprendiz. Só com essas habilidades, dentro da consciência de que a escola é um pedaço da Educação e que a Educação não se dá apenas em um período determinado de tempo, que desenvolveremos competências coletivas. O trabalho em Educação é coletivo, é feitocom as pessoas (IDEM, p. 41). Diante dessas mudanças velozes, o autor grifa a necessidade de se estabelecer pilares, como uma sólida base científica, formação de solidariedade social e construção de uma cidadaniaativa. Por vezes, ao falarmos em mudanças são depositadas todas as energias nas tecnologias, mas é preciso senso crítica para identificar seus benefícios e prejuízos, entre eles a dispersão, o apressamento, falta de foco, estafa digital, velocidade e veracidade das informações. E saber que nada substitui a necessidade de encantamento na relação entre professore aluno, a autonomia dessesestudantes e o valor do encontro. Escola é lugar de encontro. Encontro também com as famílias, que nessa missão precisamos trazer para perto,mostra que fazemparte do processo e, sendo também, merecedoras de formação. A escola é capaz sim, de lidar com tudo isso e provar ainda mais a sua importância, não só como espaço de construção de conhecimento, mas espaço de relação, convívio, construção de valores, cidadania, um espaço de direito. “Mudar é uma situação em que precisamos transbordar, isto é, ir além do nosso limite, alterar a nossa possibilidade de ser um únicoe exclusivo modo. ” (IDEM, p. 33)


Assim, essa obra é um bom caminho para que tenhamos consciência das limitações que precisamos superar e lidar, para que o sentido da educação, da escola e da docência não fique apenas no discurso.

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