Por: Silvia Brandão
Ao problematizar a questão feminina no contexto da atualidade, é fundamental considerar que se trata de um assunto multifacetado e complexo, abrangendo diversos aspectos. Trata-se de uma questão que vem experimentando avanços, mas, sem dúvida, ainda há muitos desafios, principalmente quando a questão é a busca pela igualdade de gênero.
No mercado de trabalho, apesar dos avanços, a desigualdade de gênero ainda é uma realidade presente. De acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial de 2023, as mulheres ainda enfrentam uma diferença salarial significativa em relação aos homens, recebendo em média 20% menos para trabalhos similares em muitas profissões. Além disso, a representação feminina em cargos de liderança é desproporcionalmente baixa. Em 2022, globalmente, apenas 28% dos cargos de gerência sênior e acima eram ocupados por mulheres.
A violência de gênero também continua sendo um problema alarmante. Segundo dados da ONU, cerca de uma em cada três mulheres no mundo já sofreu violência física ou sexual. Pesquisas apontam que, no período da pandemia de COVID-19 essa situação exacerbou, resultando em um aumento de casos de violência doméstica devido ao confinamento e ao estresse econômico.
Sabemos que a diferença de gênero na educação tem diminuído. No entanto, ainda existem desigualdades significativas em várias regiões. De acordo com a UNESCO, em 2022, 129 milhões de meninas estavam fora da escola, incluindo 32 milhões em idade de ensino fundamental e 97 milhões em idade de ensino secundário. A falta de acesso à educação compromete o futuro dessas meninas, limitando suas oportunidades de emprego e de uma vida plena e saudável. É preciso levar em consideração que, por meio da educação, é possível desafiar estereótipos e promover uma visão mais ampla e igualitária dos papéis de gênero, fato que ajuda a combater a discriminação e a exclusão. Ao proporcionar às mulheres conhecimento sobre seus direitos e sobre as questões de gênero, as capacita a tomar decisões e, por consequência, a se tornarem agentes de mudança.
A educação formal aumenta as chances das mulheres ingressarem no mercado de trabalho e obterem empregos melhores e mais bem remunerados. Isso contribui para a independência financeira e a autonomia. Também pode ensinar sobre relacionamentos saudáveis, consentimento e prevenção da violência doméstica. Quanto mais informadas as mulheres estiverem, maior será a probabilidade de identificarem situações abusivas e buscarem ajuda. Mulheres educadas têm mais chances de se envolverem em processos democráticos e de influenciar políticas públicas.
Outra faceta que envolve a questão de gênero é a participação das mulheres na política. Embora haja dados que demonstram progresso, ainda há muito a ser feito. Em 2023, elas ocupavam aproximadamente 26,5% dos assentos em parlamentos ao redor do mundo. Embora isso represente um aumento em relação às décadas anteriores, ainda está longe da paridade. Alguns países, como Ruanda e Bolívia, têm se destacado por implementar políticas de cotas que resultaram em uma alta representação feminina.
Os pontos destacados acima representam apenas alguns dos aspectos que envolvem a situação feminina na sociedade atual. Sem dúvida, temos de reconhecer que, ao longo da história, houve avanços e conquistas. No entanto, é preciso estar atentos ao fato de que ainda há muitos desafios a serem superados. E, nesse sentido, é essencial que governos, organizações diversas e indivíduos continuem trabalhando, juntos, para criar um mundo mais justo e equitativo para todos.
Atualmente, existem várias iniciativas ao redor do mundo que buscam enfrentar esses desafios. Por exemplo, o movimento #MeToo, iniciado nos Estados Unidos, desencadeou um debate global sobre o assédio sexual e a violência de gênero, resultando em mudanças significativas em diversas indústrias. Na África, a campanha HeForShe, promovida pela ONU Mulheres, mobiliza homens e meninos como defensores da igualdade de gênero, só para citar alguns.
Não podemos perder de vista que a luta pela igualdade de gênero exige esforços contínuos e integrados e do engajamento de todas e todos.
Referência
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